Conheça a inspiradora história de Adhemar Ferreira da Silva: o primeiro bicampeão olímpico do Brasil

Deixar um legado na história para as futuras gerações. Ter o seu nome lembrado para sempre com feitos e conquistas. Quem não desejaria ser reconhecido por uma trajetória de sucesso na sua profissão e servir de inspiração para outras pessoas?
Na área dos esportes, poucas figuras têm esse privilégio. Uma delas é o atleta Adhemar Ferreira da Silva.
Primeiro brasileiro a se tornar bicampeão olímpico, ele quebrou recordes e revolucionou a modalidade de salto triplo.
Falecido em 2001, aos 73 anos, Adhemar Ferreira da Silva deixou um legado que transcende o campo esportivo, inspirando qualquer um em razão de suas glórias alcançadas também fora das pistas.
Conheça um pouco mais sobre a história inspiradora dessa lenda brasileira.
O surgimento de um fenômeno
Nascido no bairro da Casa Verde, na zona norte da cidade de São Paulo, em 1927, Adhemar era filho de um ferroviário e de uma lavadeira, e desde muito cedo começou a trabalhar para ajudar nas despesas domésticas.
O seu primeiro contato com o atletismo veio aos 18 anos, quando, a convite de um amigo, conheceu uma pista de atletismo e se entusiasmou pela modalidade. Na sequência, já iniciou os treinamentos, durante o seu horário de almoço, no intervalo do trabalho.
Em um dia de treinamento, Adhemar observou o capitão da equipe de atletismo do São Paulo, Ewaldo Gomes da Silva, treinando salto triplo, uma prova que era desconhecida pelo jovem atleta.
Manifestando a sua curiosidade, Adhemar pediu explicações sobre a prova e conseguiu um teste. No primeiro salto feito, ele bateu a marca de 12,80 m. Repetiu o salto e estabeleceu a mesma marca.
Três dias após esses primeiros testes, em sua primeira competição oficial, o Troféu Brasil de 1947, Adhemar Ferreira da Silva alcançou a sua primeira vitória, com uma marca de 13,05 m.
Começava ali a sua trajetória gloriosa de sucesso.
Glória olímpica
A partir dessa primeira conquista, Adhemar Ferreira da Silva foi construindo uma carreira de recordes e vitórias.
Por duas vezes foi recordista sul-americano, em 1949 e 1950, batendo pela primeira vez o recorde mundial de salto triplo em 1951. A marca de 16,01 m foi alcançada no estádio do Fluminense Futebol Clube, no Rio de Janeiro.
No mesmo ano do recorde mundial Adhemar foi campeão pan-americano, e no ano seguinte conquistou o título sul-americano.
Mas foi em 1952, aos 25 anos, que o saltador alcançou a maior glória possível para um esportista, ao se consagrar campeão olímpico, em Helsinque, na Finlândia. Naquela tarde, ele bateu quatro vezes o recorde olímpico, vencendo a disputa com um salto 16,22 m, 24 cm à frente do soviético Leonid Shcherbakov, que ficou com a medalha de prata.
Após a primeira glória olímpica, Adhemar Ferreira da Silva seguiu emendando títulos e recordes, chegando às Olimpíadas de Melbourne, na Austrália, em 1956, como o grande favorito.
Na disputa do salto triplo, mais uma medalha de ouro foi obtida, com um novo recorde olímpico, de 16,35 m, sendo estabelecido.
Adhemar se tornava ali o primeiro atleta brasileiro a ser bicampeão olímpico.
Fora das pistas
Além de sua trajetória expressiva e desempenho exuberante dentro das pistas, a carreira de Adhemar Ferreira da Silva fora das raias é digna de reconhecimento.
Formado em Educação Física pela Escola do Exército, em Direito pela Universidade do Brasil e em Relações Públicas pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, além de escultor formado pela Escola Técnica Federal de São Paulo, a abrangência das suas atividades desenvolvidas fora das pistas é ampla.
Adhemar era um poliglota. Ele falava seis idiomas (inglês, francês, alemão, italiano, espanhol e português), sendo adido cultural na Nigéria de 1964 a 1967, logo após abandonar a carreira profissional esportiva.
Foi ainda ator em peça de teatro e no filme franco-italiano “Orfeu do Carnaval”, que venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1962.
No final da sua vida, Adhemar trabalhou para o Estado de São Paulo, em atividades ligadas ao atletismo, tendo assumido ainda durante um período o cargo de coordenador da área de esportes das Faculdades Santana, em São Paulo.
Se inspire nessa história!